Comentário sobre "Filosofia da caixa preta" (capítulos 4, 5 e 6)
Nos capítulos 4, 5 e 6, Flusser explora o ato de fotografar como um processo em que o aparelho fotográfico, em função da intenção do fotógrafo, transforma conceitos em cenas visuais. Esse processo, embora controlado pelo fotógrafo, é limitado pelas categorias programadas no aparelho, que pode apenas fotografar o fotografável.
Ele também compara o ato de fotografar à caça, onde o fotógrafo, junto ao seu aparelho, busca capturar a melhor cena, formando uma "unidade funcional inseparável". A fotografia, no entanto, transcende a mera captura visual, pois envolve a transcodificação de conceitos, e o crítico fotográfico deve ser capaz de interpretar esses conceitos em vez de simplesmente decifrar a imagem como um todo.
Vilém também critica a dependência excessiva dos fotógrafos em relação às máquinas, argumentando que aqueles que não exploram criativamente as capacidades dos aparelhos acabam produzindo obras previsíveis e irrelevantes, repetindo conceitos já explorados. A distribuição dessas obras, inicialmente feita por meios físicos, tem evoluído para uma circulação massiva via mídias digitais, sujeitando as fotografias a interpretações variáveis, que podem alterar ou enriquecer seu significado.
Por fim, os capítulos afirmam que o valor da fotografia não reside no objeto físico, mas na informação transmitida. A replicabilidade fácil das imagens diminui seu valor material, destacando que o verdadeiro impacto de uma fotografia está na sua capacidade de comunicar conceitos e moldar a percepção de quem a vê.
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